segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Eu, sentado, com 73 anos

Um domingo normal no shopping, muitas pessoas circulando, jovens coloridos cheios de vida e outros quase em preto e branco contrastam a diversidade deste comércio, que trás também adultos estressados, senhoras e senhores de idade, com seus tradicionais trajes e estilos. Não tinha imaginado que muita coisa passaria na minha cabeça em simples três minutos, consegui pular 50 anos da minha vida, enquanto esperava a minha namorada voltar do banheiro. Coloquei-me sentado no mesmo banco, mas com um olhar de 73 anos de vida.

Uma das primeiras coisas que senti foi o peso sobre os ombros, logo comecei a imaginar como eu avaliaria tudo aquilo que visualizava, fazendo uma comparação com aquilo que aquele rapaz de 23 pensaria. Primeiro, comecei a reparar que o meu julgamento às pessoas não seria o mesmo, eu não estava nem aí para as cores dos jovens, mas os invejava, era como se fosse um misto de raiva e culpa, pelo envelhecimento precoce e não ter aproveitado tanto quanto.

Logo depois, lancei meu olhar ao casal de velhos que passava ao lado, pareceu-me velhos amigos, na qual seus problemas persistiam em não terminar, pois brigam até para ver se usam escada tradicional ou a rolante. A idade mais avançada me fez perceber que eu sentia uma necessidade de degustar mais as coisas, como um copo de suco, sentir a polpa da fruta como se fosse à última vez.

Um pouco antes da minha namorada retornar do banheiro, ainda tive tempo de ver o comportamento adulto, que pelo visto nunca mudará, anda sempre apressado e indisponível, a não ser se for online, é perceptível o medo que carrega, anda, consome, investe e cria sistemas por causa do medo. Nunca mudou!

Saio do transe assim que minha namorada chega, percebi uma única coisa com este pensamento todo, a qual não serei aquele velho observador, mas sim um observado que pouco ficará sentado e causará inveja nos medrosos e nos encorajados.

O tempo é precoce, envelhece a carne, mas ele continua novo, nos basta ter uma visão diferenciada para enxergar que a vida não termina na juventude e muito menos na fase adulta.

Um comentário:

Nicky disse...

cara. sabia que eu sempre fico viajando na batata! Na minha cabeça eu tenho poderes :)