Lembro da minha sala da pré-escola, ficava do lado de uma caixa d’água e do outro lado do colégio. A vontade, naquela época, era de passar para o prédio da verdadeira escola. Um dos meus maiores prazeres era quando chegava o meu dia de ser o ajudante da professora, ou ainda, brincar de pega-pega e esconde-esconde.
Tudo era festa, até eu levar o primeiro soco no olho, o pior, dado por um dos meus melhores amigos, o tal de Dudu. Sim, hoje ele é um psicopata. Na época perdoei ele no mesmo dia, afinal o grande culpado devia ter sido eu, que não quis passar a bola para o cara da 3ª série. Enfim, morávamos no interior, um amigo que te dava um soco no olho era melhor do que não ter amigo.
Os anos passaram, mudei de escola como mudava de cueca. Outro sonho realizado foi escrever a caneta, isso era coisa de gente grande, e eu estava crescendo. Depois de uma certa idade os anos passaram, eu começava a perceber que eu não era o centro do mundo e que o mundo tinha um centro. Foi então que coloquei a mochila nas costas e parei em Novo Hamburgo. Eu sei, não é o centro do mundo. Mas, estou aqui, com duas graduações realizadas e começando um curso de Pós-graduação, que na realidade se intitula MBA, o pré do mundo acadêmico.
Entre tempos diferentes não sinto muita diferença. Continuamos fazendo fila para entrar na sala, só que agora na sala de entrevistas de emprego. O menino malvado, Dudu, agora mudou de nome, chama-se concorrência. Já o menino prodígio tornou-se normal, porém sem perder a criatividade e sua vontade.
Assim eu vou correndo o mundo, abrindo horizontes e pensamentos. Uma busca normal, por coisas que me fazem ser quem sou, um eterno estudante.